domingo, 2 de setembro de 2012

Escrito Por Nós Dois - Parte II: A Personagem


             Allan Frontieri era um garoto como tantos outros. Seu cabelo era castanho e seus olhos eram verdes. Ele queria ser mais alto, mas sua altura de 1 metro e 78 cm já lhe agradava. Era educado e encantador. Paciente e compreensivo. O que mais chamava a atenção das garotas – tirando sua ofuscante beleza – era a forma como ele conseguia agradar a todos, e o jeito carinhoso com o qual ouvia suas amigas contarem casos perdidos e histórias que ele sabia que não iam dar certo.
            Apesar de seus 16 anos, ele nunca tinha namorado – mesmo as propostas sendo inúmeras. Estava no segundo ano do ensino médio e nunca tinha rodado. Suas notas eram boas, e isso causava inveja em muitos ao seu redor... Conversava com os professores e buscava se informar sobre o que acontecia sob o teto daquele colégio.
            Seus pais eram separados, e isso tornava sua vida turbulenta. Passava horas na biblioteca da escola, mesmo não gostando de ler - aquele era o único lugar que podia ficar em paz!
            Morava com a mãe em Porto Alegre, e alguns finais de semana ia pra Portão onde o pai tem uma fazenda. Naquele lugar onde o tempo era dividido só entre ele o pai, Allan conheceu Priscilla e ela se tornou sua única melhor amiga. Esse foi o motivo pelo qual se apaixonara pela fazenda e por tudo que havia lá. Todo final de semana ligava e perguntava ao pai se podia ir pra lá... Antigamente, Allan ligaria avisando que “infelizmente estou doente, pai!”. O pai do garoto, já acostumado com a desculpa, sabia que isso era mentira, mas levava numa boa. Hoje o garoto liga avisando que já está a caminho.
            Com o tempo o pai de Allan percebeu o interesse do menino pela fazenda, percebeu que as horas ao lado do filho tinham se tornado minutos. E o ódio que Allan sentia pelo pai desde a época que ele “abandonara” a família, se transformou numa paixão incontrolável... Eles passavam muito tempo conversando. E assim, Allan se sentiu mais confiante e mais seguro ao lado do pai.
            Ele gostava de ouvir música e de ir ao cinema, mas nem sempre a grana era suficiente pro filme... Ele queria um emprego, mas não tinha tempo pro trabalho. Sua agenda era lotada a semana toda. Durante a parte da manhã ele estudava, e a tarde? Bem, durante a tarde ele fazia muitas coisas... Uma delas era o curso de inglês - cinco dias por semana!
            Já fazia quatro anos que Allan se inscrevera no curso de inglês, e isso fazia com que ele falasse fluentemente essa língua. A vontade de morar no exterior – mais precisamente em Los Angeles – era a única coisa que o fazia persistir no curso.
            Allan queria ser diretor de filmes. O garoto escrevia muito bem, ele tinha o primeiro roteiro pronto, era uma obra prima. Sua mãe sempre retrucava quando o garoto começava com ideias idealistas e perfeitas de uma vida melhor no estrangeiro. Ela insistia para que ele parasse com o curso. Mas Allan não desistia.
            Ele já estava cansado de ter que ser responsável pela família...  A mãe chegava tarde e era ele quem tinha de fechar a casa e preparar o jantar todas as noites. Sem contar os dias em que a mãe ligava avisando que iria se atrasar alguns “minutinhos”... Mas ele sabia que na verdade ela ia pra festa com os amigos e só voltaria lá pelas três da manhã. Ele ficava sentado à mesa esperando que ela entrasse pela porta do apartamento. A comida esfriava, o tempo passava, e ele ali sentado! Allan levantava e deixava um bilhete em cima da mesa dizendo que tinha ido dormir – a comida ficava intacta.
            Ele já não aguentava mais aquela situação! Ao invés dele ir curtir a noite como um adolescente normal, era a mãe quem dava uma de rebelde e saía quase todas as noites. Isso fazia com que ele se magoasse e, então, perdia a fome. Durante muitas noites foi pra cama sem comer... Tudo o que ele queria era ter 18 anos e sair daquela casa!
            Tirando os altos e baixos da sua vida, Allan era extremante feliz... Apesar de não ter nenhum amigo na escola, ele tinha Priscilla. E ela era tudo pra ele!
            Os planos de Allan persistiram... E os sonhos só aumentaram. Os dias na fazenda do pai eram muito melhores do que a semana com a mãe! Ele tinha realmente muitas dúvidas sobre o futuro. Quase desistiu de tudo! Mas as conversas com o pai estavam lhe ajudando muito!
            Allan Frontieri era um garoto comum com problemas comuns, mas de certa forma, era interessante. E de uma estranha maneira ninguém podia entender sua mente – isso era um mistério!
             


           

Nenhum comentário:

Postar um comentário